1º de Agosto Agora É Dia Oficial do Maracatu no Brasil
A sanção da Lei 15.018, de 2024, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representa um marco para a valorização da cultura popular brasileira. Publicada no Diário Oficial da União, a nova legislação estabelece o dia 1º de agosto como o Dia Oficial do Maracatu em todo o país. A proposta, originalmente apresentada pela então deputada Luciana Santos (PE), atualmente ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, reconhece a importância histórica e social dessa manifestação cultural.
A aprovação do projeto de lei no Senado, sob o número PL 397/2019, ocorreu com apoio unânime do Plenário em 15 de outubro. A medida foi vista como uma forma de proteger e incentivar a continuidade dessa tradição, que integra elementos musicais, religiosos e artísticos da cultura afro-brasileira. Com a criação de uma data oficial, espera-se que o Maracatu receba mais atenção em políticas públicas, eventos e ações de fomento à cultura.
Além disso, a institucionalização do Dia Nacional do Maracatu fortalece o compromisso do Estado com a valorização da diversidade cultural. Em um país com tantas raízes plurais, reconhecer expressões como o Maracatu é fundamental para garantir memória, identidade e pertencimento. A medida também pode estimular escolas e instituições a incluírem o tema em suas programações pedagógicas e culturais.
O que é o Maracatu e por que ele é tão importante
O Maracatu é uma das expressões culturais mais ricas e simbólicas do Brasil, com raízes profundas nas tradições afro-brasileiras. Surgido em Pernambuco durante o período colonial, ele mistura música percussiva, dança e encenação para contar histórias de reis e rainhas negras. Os cortejos, geralmente conduzidos por grupos organizados, encantam pelas fantasias exuberantes, ritmos marcantes e pela força espiritual que carregam.
Essa manifestação é mais do que um espetáculo: é resistência, identidade e celebração de ancestralidade. O Maracatu resgata símbolos da cultura africana, reverencia orixás e ressignifica a história de opressão por meio da arte. É também uma forma de organização comunitária e de ocupação dos espaços públicos, especialmente durante o Carnaval, onde ganha destaque nas ruas do Recife e de outras cidades nordestinas.
O reconhecimento oficial do Maracatu como patrimônio cultural reforça seu papel social. Ele não apenas entretém, mas educa e conscientiza. Ao valorizar o Maracatu, o país reafirma seu compromisso com a pluralidade cultural e com a reparação histórica de vozes que foram marginalizadas por muito tempo. A oficialização do seu dia nacional é, portanto, um passo importante na valorização da cultura popular e afrodescendente.
Tradição pernambucana que ganhou o mundo
Embora seja uma tradição enraizada em Pernambuco, o Maracatu ultrapassou as fronteiras do Nordeste e se espalhou por diversas regiões do Brasil e do mundo. Nas últimas décadas, grupos percussivos e culturais em países como Canadá, França, Japão, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos têm se inspirado nessa manifestação. Oficinas, festivais e coletivos internacionais passaram a adotar o ritmo e a estética do Maracatu em suas apresentações, promovendo um intercâmbio cultural enriquecedor.
Esse reconhecimento global se deve não apenas à beleza do Maracatu, mas também à sua força simbólica. O som dos tambores, o cortejo real e as cores vibrantes falam de resistência, identidade e pertencimento. Muitos grupos estrangeiros que praticam o Maracatu fazem questão de estudar suas origens e de respeitar os significados por trás de cada elemento do ritual. Isso mostra o quanto essa tradição é valorizada como um patrimônio que vai além do entretenimento.
A internacionalização do Maracatu também fortalece sua preservação no Brasil. Quando uma cultura é reconhecida globalmente, aumenta-se o interesse interno por sua valorização. Projetos de incentivo, ações educativas e políticas públicas ganham mais força quando há visibilidade internacional. Assim, o Maracatu não só promove o Brasil lá fora, como também inspira o próprio país a cuidar melhor de suas raízes.
O papel da ex-deputada Luciana Santos na criação da lei
A criação do Dia Nacional do Maracatu só foi possível graças à iniciativa da então deputada federal Luciana Santos, representante do estado de Pernambuco. Como figura atuante na defesa da cultura popular, ela apresentou o Projeto de Lei 397/2019 com o objetivo de reconhecer oficialmente o valor do Maracatu para a identidade brasileira. Sua proposta foi construída com base no diálogo com grupos culturais, mestres e representantes da tradição pernambucana.
Hoje, como ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana continua influente nas pautas sociais e culturais. A sanção da lei é resultado direto de sua trajetória política comprometida com a valorização das manifestações populares, principalmente aquelas ligadas à resistência negra. Sua atuação foi decisiva para transformar o anseio de tantos artistas e comunidades em uma conquista concreta e legalmente reconhecida.
O esforço da parlamentar mostra como representantes políticos podem ser aliados importantes na preservação da cultura. A lei sancionada é mais do que um marco simbólico, ela abre portas para o desenvolvimento de ações culturais, financiamento de projetos e inclusão do Maracatu em espaços educativos e institucionais. Luciana Santos, com sua trajetória conectada ao movimento popular, deixa um legado importante para a cultura brasileira.
O impacto da nova data para a valorização cultural
A criação do Dia Nacional do Maracatu representa uma oportunidade concreta para dar visibilidade a uma das mais ricas expressões da cultura afro-brasileira. Com uma data oficial no calendário, abre-se espaço para que escolas, universidades, instituições culturais e comunidades promovam atividades, debates e celebrações que reforcem a importância do Maracatu para a história nacional. Isso fortalece a educação patrimonial e o respeito à diversidade cultural brasileira.
Além do aspecto simbólico, a nova data também pode atrair investimentos e políticas públicas voltadas para grupos tradicionais. O reconhecimento legal estimula prefeituras e governos estaduais a apoiarem eventos, cortejos, oficinas e projetos de formação ligados ao Maracatu. Com isso, mestres, batuqueiros, costureiras e demais profissionais da cultura ganham mais visibilidade e apoio institucional para manter suas atividades vivas e sustentáveis.
Outro impacto relevante está na transformação da percepção social sobre o Maracatu. O que antes poderia ser visto apenas como um elemento folclórico ou regional passa a ser reconhecido como parte do patrimônio de todos os brasileiros. Isso contribui para combater o preconceito contra manifestações de origem africana e para promover uma maior valorização da cultura popular dentro e fora do país.
Maracatu como símbolo de resistência e identidade negra
O Maracatu não é apenas uma manifestação cultural festiva. Na verdade, ele carrega consigo séculos de resistência, espiritualidade e luta por reconhecimento. Historicamente, suas raízes estão profundamente ligadas à história dos povos africanos escravizados no Brasil, que encontraram na música e na dança uma forma de preservar sua identidade e desafiar a opressão. Com o passar dos anos, o Maracatu se transformou em um grito coletivo por memória, respeito e pertencimento.
Além disso, cada elemento do Maracatu dos tambores ao cortejo real, das fantasias aos cânticos, possui um significado ancestral. Em muitos casos, os grupos seguem tradições religiosas afro-brasileiras, como o candomblé e a jurema, que se manifestam nas cerimônias e nas encenações públicas. O rei, a rainha, os vassalos e as damas do paço não são apenas personagens: pelo contrário, são representações simbólicas de um passado ressignificado e de uma cultura que insiste em sobreviver e florescer.
Portanto, reconhecer o Maracatu como símbolo nacional é também um gesto de reparação. Durante décadas, manifestações de matriz africana foram marginalizadas, reprimidas e invisibilizadas. Agora, com a oficialização do Dia Nacional do Maracatu, o Brasil dá um passo importante para reconhecer o valor da cultura negra na formação de sua identidade. Dessa forma, é um convite a toda sociedade para rever suas referências e incluir, de forma justa, as vozes e ritmos que ajudaram a construir a nação.
Como o Dia Nacional do Maracatu pode inspirar outras iniciativas
A criação do Dia Nacional do Maracatu estabelece um modelo para reconhecer outras manifestações culturais que ainda não receberam o devido destaque. O Brasil abriga uma diversidade vibrante de tradições populares, e muitas delas permanecem à margem das políticas públicas. Ao instituir essa data, o governo incentiva o reconhecimento nacional de expressões como o jongo, o coco, o boi-bumbá e os afoxés.
Governos municipais e estaduais podem aprovar novas leis que valorizem as culturas locais e destaquem as raízes históricas das comunidades. Escolas, centros culturais e coletivos promovem festivais, circuitos artísticos e atividades educacionais alinhadas ao calendário oficial. Dessa forma, eles transformam a cultura em uma ferramenta concreta de educação, inclusão social e construção da identidade brasileira.
O Dia Nacional do Maracatu motiva jovens a se reconectarem com suas origens. Mesmo imersos no universo digital, esses estudantes reconhecem o valor de suas tradições e buscam compreender a importância da cultura local. Ao adotar o Maracatu como referência, eles fortalecem suas identidades e ajudam a construir um país mais justo, plural e culturalmente consciente.
SAIBA MAIS:
https://www.itaucultural.org.br/secoes/memoria/maracatu-tradicao-popular-e-resistencia
https://www.fundaj.gov.br/index.php/pt-br/component/content/article?id=4267