Cantos à Beira-Mar no PAES 2026: o que saber para mandar bem na prova
Maria Firmina dos Reis: voz que resiste no tempo
Estudar Cantos à Beira-Mar é mergulhar na sensibilidade e na crítica social de uma das autoras mais importantes da literatura brasileira. Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís do Maranhão, em 1822, e se destacou como escritora, professora e abolicionista. Mulher negra, nordestina e intelectual em um Brasil ainda escravocrata, ela escreveu contra a corrente dominante e desafiou estruturas patriarcais e racistas com palavras que ainda hoje ecoam.
Sua relevância literária e histórica vai além da estética: ela representa uma das primeiras vozes femininas e negras da literatura nacional. Apesar de sua obra ter sido por muito tempo ignorada, atualmente ela ocupa lugar de destaque nos estudos literários e nas exigências de vestibulares como o PAES da UEMA, que valorizam produções regionais, críticas sociais e diversidade de vozes.
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Contexto histórico e publicação da obra
A coletânea Cantos à Beira-Mar foi publicada em 1871, quando o Brasil ainda mantinha a escravidão como estrutura legal e social. Enquanto a literatura romântica exaltava heróis brancos e ideais europeus, Maria Firmina oferecia ao leitor uma poesia profundamente nacional, espiritual e engajada.
A autora compôs seus versos em um momento em que a mulher, especialmente a mulher negra, era sistematicamente silenciada. Por isso, seus poemas carregam um sentimento de urgência e pertencimento. Ela se coloca à margem da sociedade para observar, questionar e, acima de tudo, resistir.
A presença simbólica do mar na poesia
No conjunto de poemas reunidos em Cantos à Beira-Mar, o mar surge como símbolo central. Ele não está ali apenas como paisagem, mas como um reflexo do mundo interior do sujeito poético. Assim como as emoções humanas, o mar é instável, profundo, por vezes sereno, por vezes furioso. Ele representa o fluxo da vida, a esperança e o sofrimento daqueles que vivem à margem.
Além disso, o mar é metáfora da condição dos pobres, dos escravizados, dos esquecidos. Ele acolhe e ameaça, embala e destrói. A beira-mar, espaço do título, é o ponto de observação de quem vê o mundo sem estar totalmente dentro dele. É o local de quem contempla, sente e escreve. A autora escolhe esse espaço para dar voz aos que a sociedade calava, fazendo da poesia um gesto político e de resistência.
Lirismo, espiritualidade e crítica social
A estética lírica é um dos traços mais marcantes da obra, mas ela se mistura constantemente com a crítica social e a espiritualidade. Os poemas de Maria Firmina são carregados de fé, mas essa fé não é ingênua nem alienante. Pelo contrário, a religiosidade nos versos aparece como força que sustenta os humildes e castiga os opressores.
A autora invoca Deus não apenas como figura celestial, mas como entidade justiceira, sensível às dores humanas. Dessa maneira, sua poesia estabelece uma ponte entre o divino e o cotidiano, entre o espiritual e o político. A fé se transforma em denúncia, e o lirismo em resistência. Em cada verso, há uma tentativa de traduzir a dor dos que sofrem e a esperança dos que ainda acreditam em mudança.
A linguagem como instrumento de afirmação
A linguagem de Cantos à Beira-Mar é simples, clara e profundamente expressiva. Maria Firmina evita excessos estilísticos para manter o foco na mensagem. Seus versos, embora curtos, são musicalmente bem construídos e intensamente simbólicos. A musicalidade aparece como parte da estrutura emocional dos poemas, ora como prece, ora como lamento, ora como cântico de fé.
Em vez de escrever para agradar à elite letrada da época, ela escreve para comunicar — e sua escrita é profundamente democrática. Ela alcança o leitor pela sensibilidade e pela clareza, revelando que a profundidade não está necessariamente na complexidade da forma, mas na potência da mensagem.
Por que essa obra é cobrada no PAES
A UEMA tem valorizado obras de autores maranhenses e temas que dialogam com justiça social, identidade regional e memória coletiva. Nesse contexto, Cantos à Beira-Mar torna-se uma leitura indispensável. A obra contribui para reflexões sobre racismo, desigualdade, exclusão, religiosidade popular e resistência feminina.
Além disso, o fato de ser uma produção escrita por uma mulher negra no século XIX confere um valor histórico e simbólico inegável. Com isso, a universidade cumpre um papel de valorização da literatura marginalizada, ao mesmo tempo em que estimula uma leitura crítica do passado e do presente do país.
O que pode cair na prova do PAES sobre essa obra
É provável que o vestibular cobre o simbolismo do mar, o papel da fé nos poemas e a crítica social implícita na obra. Os candidatos devem estar preparados para:
- Identificar o uso da linguagem simbólica e metafórica;
- Analisar como a autora articula lirismo e crítica social;
- Interpretar a presença do mar como representação da condição humana e social;
- Relacionar a obra ao contexto histórico e social do Brasil escravocrata;
- Refletir sobre a representatividade de uma mulher negra escrevendo no século XIX.
Além disso, Cantos à Beira-Mar pode ser útil como repertório sociocultural em propostas de redação que abordem temas como exclusão, identidade, resistência e desigualdade de gênero e raça.
A atualidade de uma obra do século XIX
Apesar de escrita há mais de 150 anos, a obra de Maria Firmina dos Reis permanece extremamente atual. O Brasil ainda lida com desigualdades sociais profundas, exclusão de vozes negras e marginalização feminina. A fé, como elemento de resistência e enfrentamento, continua presente em diversos contextos sociais.
Dessa forma, os poemas de Cantos à Beira-Mar convidam o leitor moderno a refletir sobre o presente, a reconhecer as permanências históricas e a valorizar as vozes que antes foram silenciadas. Estudar Maria Firmina é, portanto, um gesto de recuperação histórica e de compromisso com uma literatura plural.
A importância de reconhecer essa literatura
Valorizar a obra de Maria Firmina dos Reis é reconhecer uma parte essencial da história literária brasileira. Sua poesia rompe barreiras, desafia estruturas e nos ensina que a palavra tem poder. Cada verso é uma afirmação de dignidade, cada poema é um grito silencioso de liberdade.
Ler Cantos à Beira-Mar é compreender que literatura também é instrumento de transformação. É abrir espaço para uma voz que, mesmo em meio ao silêncio social de sua época, escolheu falar — e hoje, finalmente, começa a ser ouvida. Para os estudantes, essa leitura é mais do que preparação para a prova: é um convite à empatia, à reflexão e à escuta histórica.