As Meninas – Obra para o PAES 2026: o que entender da obra para se sair bem na prova
Entenda por que As Meninas é uma leitura essencial para vestibulares como o PAES
A obra As Meninas, escrita por Lygia Fagundes Telles e publicada em 1973, é um marco da literatura brasileira contemporânea. Situada em um período de forte repressão política — a ditadura militar —, a narrativa gira em torno da vida de três jovens universitárias que convivem em um pensionato de freiras em São Paulo. O romance oferece uma poderosa reflexão sobre a juventude, a liberdade, a repressão e a identidade feminina em um Brasil marcado pela censura e pela desigualdade social.
Com uma linguagem sofisticada e estrutura narrativa inovadora, Lygia Fagundes Telles criou um retrato íntimo, político e psicológico de três gerações de mulheres brasileiras. Cada uma das protagonistas representa diferentes realidades sociais, visões de mundo e formas de resistência. Por isso, a obra tem aparecido com frequência em vestibulares de todo o país, inclusive no PAES da UEMA, que valoriza produções com crítica social, protagonismo feminino e relevância histórica.
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Quem são as personagens centrais e o que elas representam
O romance acompanha a trajetória de três personagens principais: Lorena, Lia e Ana Clara. As três dividem o mesmo espaço físico — o pensionato — mas carregam universos pessoais profundamente distintos, tanto em termos sociais quanto emocionais.
Lorena é uma jovem da elite paulista, criada em uma família conservadora. Romântica, idealista e ingênua, ela vive em constante conflito entre a rigidez moral que herdou da mãe e suas inquietações interiores. Seu discurso, muitas vezes fantasioso, revela uma tentativa de escapar de um mundo que a oprime emocionalmente.
Lia, por outro lado, é uma militante política ativa, filha de operários e engajada na luta contra a ditadura. Ela representa a consciência social e política, enfrentando perseguições e dilemas éticos. Sua presença na narrativa traz à tona a violência institucional, a repressão e o desejo de mudança.
Ana Clara, a terceira protagonista, é a figura mais frágil do grupo. Vinda de uma realidade de pobreza, enfrenta o vício em drogas e a exploração sexual. Sua trajetória trágica denuncia a exclusão, o abandono e a invisibilidade de tantas jovens brasileiras. Ela é, possivelmente, a personagem mais impactante, pois simboliza a brutalidade social que permeia o país.
Juntas, essas personagens revelam diferentes faces do feminino em um Brasil em crise, onde questões de classe, gênero e política se entrelaçam de maneira profunda e comovente.
A estrutura narrativa e a linguagem de Lygia Fagundes Telles
A narrativa de As Meninas é marcada pelo uso do fluxo de consciência — técnica literária que apresenta os pensamentos das personagens de forma direta, quase sem filtros. Desse modo, a leitura se torna desafiadora, mas extremamente rica em nuances psicológicas. Além disso, os capítulos alternam os pontos de vista das três protagonistas, criando um mosaico subjetivo que revela o íntimo de cada uma com profundidade e sensibilidade.
Como resultado dessa estrutura não-linear, o leitor precisa acompanhar atentamente as mudanças de foco e organizar os fragmentos da narrativa para compreender plenamente a história. Entretanto, essa forma de narrar também proporciona uma aproximação maior com a interioridade das personagens, revelando suas angústias, desejos, medos e contradições com intensidade.
A linguagem utilizada por Lygia Fagundes Telles é densa, simbólica e sensível. Aliás, os diálogos internos das personagens constroem um retrato complexo da juventude feminina brasileira, especialmente no contexto da ditadura, com destaque para a opressão vivida pelas mulheres em diferentes camadas sociais.
Os temas centrais da obra e como eles aparecem
A obra aborda uma variedade de temas relevantes, muitos dos quais continuam atuais. Entre os principais, destacam-se:
- Ditadura militar e repressão política: presente sobretudo na trajetória de Lia, o livro denuncia a censura, a perseguição e o clima de medo vivido por jovens ativistas.
- Conflito de gerações: as três personagens enfrentam o peso das expectativas familiares e sociais, revelando o embate entre tradição e mudança.
- Violência contra a mulher: tanto simbólica quanto física, a violência é um elemento constante. Ana Clara, por exemplo, sofre abuso e negligência desde a infância.
- Questões sociais e desigualdade: o contraste entre as origens sociais das personagens evidencia as disparidades no acesso à educação, saúde, segurança e liberdade.
- Solidão e busca por identidade: todas as personagens enfrentam dilemas existenciais. A adolescência, a vida adulta e os papéis impostos às mulheres são tensionados ao longo da narrativa.
Esses temas são desenvolvidos com profundidade e contribuem para uma leitura crítica do Brasil dos anos 1970 — mas com ecos claros no presente.
Como As Meninas pode ser cobrada nas provas do PAES e outros vestibulares
Nos vestibulares, a obra costuma ser explorada sob diversos aspectos. É comum que questões peçam ao candidato que relacione:
- A estrutura fragmentada da narrativa com o desenvolvimento psicológico das personagens;
- A representação da ditadura e sua influência no comportamento das protagonistas;
- O simbolismo dos conflitos de classe e gênero;
- A linguagem e a técnica narrativa empregadas por Lygia Fagundes Telles;
- Os desfechos das personagens e o que eles indicam sobre a realidade brasileira da época.
Além disso, por ser uma obra com forte teor social e humano, As Meninas pode ser utilizada como repertório sociocultural em redações que abordem temas como feminismo, juventude, repressão, desigualdade, identidade e resistência política.
A importância da autora na literatura brasileira
Lygia Fagundes Telles é uma das maiores escritoras da literatura brasileira. Eleita para a Academia Brasileira de Letras, recebeu importantes prêmios nacionais e internacionais, incluindo o Jabuti e o Camões. Sua obra transita com maestria entre o psicológico, o social e o político, sempre com sensibilidade e rigor estético.
Com As Meninas, Lygia ofereceu uma narrativa que rompe com o padrão linear e que valoriza a profundidade psicológica. Ao dar voz a três personagens femininas tão distintas, ela também rompe com estereótipos e expõe as contradições da condição feminina em um país autoritário.
Leitura obrigatória com peso social e emocional
As Meninas não é apenas um romance sobre juventude; é uma denúncia potente e sensível sobre um Brasil marcado por injustiças. Ao retratar três histórias tão diferentes, Lygia mostra como a realidade política afeta de maneiras distintas quem vive em contextos sociais diversos.
A leitura da obra permite compreender o papel da literatura como registro histórico e instrumento de reflexão crítica. Assim, ao estudar esse romance, o estudante amplia sua capacidade de análise e se prepara para responder questões que envolvem múltiplas competências: literárias, históricas, sociais e políticas.